“Corações sangrando”, mais uma vez?

Os comandantes nacionais da breve seguem fortes, firmes, mas não mais coesos. Alguns deles entendem que ainda há tempo e forças para fazer Dona Dilma sentar na mesa para mais uma rodada de negociações. A semana decisiva, como eles dizem, começa apenas agora, dado o prazo de envio de projetos de leis ao Congresso Nacional. Assim, os comandantes querem prolongar o protesto remunerado por mais tempo. Ocorre que muitas universidades pularam fora – UFSC, UNB, UFRGS, etc, – e aqui na Ufesm  os servidores decidiram voltar ao trabalho.  Os protestantes parecem ter dificuldade em admitir que o acordo assinado pelo Proifes conseguiu um percentual de reajuste médio acima das demais categorias, e que, como concordaram os servidores em seu caso específico, está muito bom para o cenário; no caso dos docentes, fica chato admitir que vão sair da breve pelo acordo do Proifes; resta, como retórica da saída, a retórica da mobilização para jornadas futuras. Será assim, um tanto melancolicamente, que amanhã, na assembléia, será proposto o fim da breve na Ufesm. Nem por isso terminarão os embates no çepe. Resta ver se o çepe vai querer obrigar os docentes não-brevistas a dar aulas para os alunos protestantes. Esses, como de outra vez, correm o risco de serem largados a seu próprio azar, rifados pelas lideranças, que, certamente, estarão “de coração sangrando”, como já aconteceu no mesmo çepe, faz muitos anos.

2 respostas em ““Corações sangrando”, mais uma vez?

  1. Resta saber se fariam uma breve a cada dois anos se houvesse uma lei de breve do funcionalismo determinando corte automático de salários de brevistas, como na França…

  2. Olha, o prof. Ronai tinha razão: com a iminência do corte salarial, a breve em breve se desbrevaria… Desde o princípío, pela própria total anomalia da situação, eu já deduzia que a grande maioria dos brevistas não só voltaria ao trabalho como nem sequer paralisaria suas atividades se o corte salarial fosse determinado pela lei de breve.

    Na realidade o governo age criminosamente contra o contribuinte ao adiar ad infinitum a confecção de uma lei de greve nos moldes dos países desenvolvidos. Devido ao gigantismo do funcionalismo público brasileiro, o melhor modelo é o francês, que apresenta leis separadas para funcionalismo e iniciativa privada. Sem isso a banalização do instrumento greve aumentará a um grau ainda muitíssimo mais poli-esculhambógeno e insuportável que o atual…

    Sem qualquer sombra de punição para grevistas que agem fora da lei, o que se poderá ver no futuro próximo é a formação de uma “polícia grevista” que, a exemplo dos traficantes que exercem poder policial nas favelas, formarão uma polícia paralela nos campi regidos pela falta de regência federal. Digamos que nesta atual breve da Ufesm isso já acontece, já que os próprios guardas da Ufesm estiveram desviando o trânsito que saía do campus para duas saídas alternativas para satisfazer as ordens superiores de quatro marmanjos chupeteiros que haviam bloqueado a entrada/saída principal atravessando carros da sua polícia privada – o sindicato dos funcionários da Ufesm.

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