“Filosofia da Educação” (1)

No mês de maio, dias depois de escrever aqui no blog uma nota sobre o lançamento do filme “Mr. Dreamer”, recebi um convite da Editora Contexto para escrever um livro sobre filosofia da educação. O livro faria parte de uma coleção voltada aos temas básicos de cursos de Pedagogia e licenciaturas. Eu estava envolvido na escrita de um livro que venho preparando desde 2015 e demorei um par de dias para aceitar a proposta. Aceitei, escrevi um pequeno plano de trabalho e uma amostra do primeiro capítulo. A proposta foi analisada pela Editora, e depois do sinal verde eu me tranquei em casa durante seis meses, escrevendo. No começo de dezembro eu conclui o manuscrito. É um livro pequeno, de umas 130 páginas, que escrevi tendo em mente o que combinei com a Luciana Pinski: um texto introdutório, destinado a estudantes e professores, escrito da forma mais simples e saborosa possível, sem notas e longas citações. Essa ocupação com o livro explica porque deixei o blog à deriva e peço que seja considerada, pelos três leitores que me restam, como uma desculpa razoável pelo silêncio nessa e noutras redes.

Hoje, dia 30 de dezembro, tenho a notícia de que o livro provavelmente será publicado em breve, no primeiro semestre do ano que vem. O manuscrito está passando por alguns testes e, aparentemente, está resistindo. Foi um desafio e tanto. Houve momentos em que pensei que não conseguiria. O que me deu coragem foi que a editora aceitou a proposta que fiz, de escrever o livro como se eu estivesse dando um curso de filosofia da educação, à semelhança do que aprendi com Ernst Tugendhat, com suas lições sobre ética e linguagem. A ideia básica foi partir de algumas intuições comuns sobre o tema e ir desenvolvendo-as da forma mais natural possível. Confesso aqui algo meio constrangedor: apesar de ter apresentado um plano do livro para a Editora, eu não tinha claro como seriam os fios condutores da trama; eles foram ficando claros somente na medida em que fui escrevendo.

Afinal, o que eu queria era isso: não apenas apresentar temas clássicos da filosofia da educação (natureza, finalidades etc), mas fazer isso de uma forma que fizesse sentido para estudantes de Pedagogia no Brasil, em ´primeiro lugar. Daí que, aos poucos, foram surgindo alguns fios condutores. A criança e a alfabetização é um deles. Decidi que o livro teria como exemplo central a criança e seu desenvolvimento, nos aspectos filosóficos. É por isso que o livro tem pouco a ver com os manuais mais populares da área. Há filosofia, há sociedade e política, mas o olhar que eu procurei ter é mais básico, e leva em conta o que eu chamo de “perspectiva de primeira pessoa” do professor e da criança.

Meu primeiro livro foi o Sentimentos de Outono, que surgiu por obra e graça da provocação do então diretor da Editora da UFSM, o Delmar Bressan. Tenho uma gratidão enorme a ele. Foi ele que sugeriu que eu submetesse um manuscrito ao escrutínio do Conselho Editorial. Depois veio o Ensino de Filosofia e Currículo, que saiu pela Editora Vozes, do Rio de Janeiro. E depois vieram os Quando ninguém educa e o Escola Partida, pela Editora Contexto, de São Paulo. Agora vem esse “Filosofia da Educação”. É um pouco cedo para mim dizer mais sobre o livro do que já disse aqui. Prometo aos poucos leitores que me restam voltar logo ao tema. Eu queria apenas, com essa postagem, mandar um chasque aos derradeiros leitores do blog, explicando que talvez o silêncio do semestre tenha valido a pena, quem sabe.

Uma resposta em ““Filosofia da Educação” (1)

  1. Ah, valeu, maestro. FE já nascerá clássico y referência nesse mundo em que, mais e mais, se perceberá que uma pedagogia é uma filosofia da educação e que já há mais filosofia nos primeiros passos, palavras e mamadas do que nossa vã filosofia ousa suspeitar. Abraço!

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