O Reitor da UFSM

A Ufesm já teve reitores muito especiais. Mariano, por exemplo. Ele tinha idéias. Ele era o nosso Fidel Castro, visionário capaz de discursar por mais de hora em cada formatura, expondo em detalhes suas crenças e esperanças sobre universidade, educação e desenvolvimento. Derblay marcou sua passagem de forma indelével, pois procurou ir além do que acreditava possível em termos de abertura nos anos setenta. Benetti foi um marco diferente, era um novo Brasil que surgia, e ele esteve à altura de todos os desafios. Os demais estão perto demais da gente para ficar falando de cada um, mas ficou esse problema da altura a que os demais chegaram. Ficou difícil superá-los. E depois aconteceu esse assunto dos pensadores, que é melhor esperar para ver no que vai dar. 

Esses sobressaltos de pensamentos me ocorrem nessa hora na qual o Claudemir nos informa que as chapas estão prontas. Felipe e Dalvan,  Burmann e Nilza. Digamos que o Claudemir tenha acertado nos nomes, repórter fino que é. Conheço eles, me dou com todos, nada tenho contra nenhum, ao contrário, todos são, como se diz, gente fina. O Dalvan foi até meu parceiro de trilhas de enduro. O que fazer?

Eu já escrevi em algum lugar desses blogues que eu pensei em me candidatar, um dia desses. Era para ser uma candidatura alternativa, para ajudar, nos debates, a cutucar os temas que ninguém enfrenta de verdade, que não se resumem aos cocurutos do CCR e quetais; uma candidatura para homenagear o Mariano da única forma que ele admitiria: discutindo de verdade as relações entre universidade, educação, sociedade, como ele gostava de fazer. Cheguei até a provocar o Mestre Guina, que prontamente ergueu o relho para os debates. Mas, pensando melhor (?), recuei. Como diria o mesmo Mestre, me basta servir o menor dos anões.

Quem sabe algum deles fala sobre os cocurutos? Quem sabe algum deles fala sobre o que explica o fechamento de espaços preciosos por anos seguidos? Quem sabe algum deles fala sobre os projetos que usam comercialmente espaços da Ufesm com contrapartidas pudicas? Quem sabe algum deles expõe idéias sobre formação de professores? 

Eu não apóio o regime cubano. Mas eu fico atento, do ponto de vista da natureza humana, para pessoas como Mariano da Rocha e Fidel Castro, capazes de falar por horas sobre seus sonhos. Eu tenho sonhos acordados, sou capaz de falar e escrever sobre eles, horas a fio, e gosto de quem os tem e é capaz de falar sobre eles. Eu queria um reitor assim, tipo Mariano ou Fidel, que a gente pudesse amar ou odiar. Claro, sem que o ódio, se fosse o caso, tivesse a ver com o código penal!