Um campo de concentração em Rosário do Sul? – O buraco da chepa, III


O segundo comentário de Jorge Telles dá conta de um episódio na história de Rosário que é de arrepiar. Ele afirma que nos anos cincoenta o exército americano veio a Rosário trazendo para ali alguns japoneses que eram prisioneiros de guerra, combatentes de Iwo Jima. Eles foram trazidos para introduzir o cultivo de tomate na região, para que fosse industrializado pela Swift. Isso deu origem a uma lenda urbana que ali em Rosário teria havido um campo de concentração. Deixo que ele conte a história:

“Cheguei a ouvir pessoas mais antigas dizerem que as alfaces, couves e rúculas que a Swift servia nas refeições era bóia para vaca. Lá pelos anos 50, durante a Guerra entre a Coréia e os EUA, temia-se o expansionismo comunista no mundo no caso dos EUA serem derrotados na Coréia. Um dia aterrizaram no aeroporto de Rosário do Sul dois grandes aviões da Força Aérea Americana, comandados pelo General Mullins, com dezenas de militares americanos. Eram forças de ocupação que controlariam o grande investimento americano na Swift com o fim de identificar algum tipo de infiltração comunista por ali. Entre o pessoal desembarcado vieram alguns prisioneiros japoneses feitos nas ilhas de Ivo Jima na Segunda Guerra
Mundial. Esses prisioneiros japoneses foram assentados em dois locais: na chácara do Dr. Mário Vasconcellos, atrás do quartel do 4°RCC e na chácara do Dr. João Alves Osório, na várzea do Rio Ibicuy D’Armada. Os japoneses deveriam cultivar tomates para industrialização na Swift. É falsa a afirmação que Rosário do Sul foi um campo de concentração de prisioneiros japoneses dos EUA. Os japoneses tinham uma vida livre e logo se ambientaram, apesar da dificuldades do idioma. Os militares americanos que vigiavam a Swift sempre se apresentavam a paisana durante o tempo de serviço. Com o tempo a Swift abandonou a plantação de tomates e os japoneses foram embora. Ainda hoje o local, que fica atrás do 4°RCC, onde está o Centro Hípico, se chama Campo do Japonês.”

Acima, uma foto atual da fachada do hotel que foi construído pela Swift, nos anos de ouro do frigorífico. O hotel era casa de passagem para seus funcionários e fica nas proximidades do campo de golfe de Rosário do Sul, igualmente construído pelos norte-americanos. O complexo era conhecido ali como “Vila Swift”.