Não foi apenas por curiosidade que eu me matriculei no curso de alfabetização oferecido pelo MEC, intitulado “Tempo de Aprender”. O curso é, evidentemente, virtual e consta de diversos módulos que a gente vai percorrendo e fazendo as avaliações no final de cada um. Eu estou fazendo o curso porque, nessa quarentena, convivo com minha neta, que está na pré-escola, e decidi aprender mais sobre alfabetização. Eu me interesso pelo tema desde que trabalhei com o grupo do GEEMPA, durante vários anos, em Porto Alegre, nos anos 1990. O GEEMPA, para quem não sabe, é uma instituição dirigida pela Professora Esther Grossi, dedicada ao estudo da didática da alfabetização, de matemática e de outros temas ligados às séries iniciais. Foi ali que eu consolidei meu interesse por educação. Agora, com minha neta às vésperas do “primeiro ano”, voltei a pensar em questões mais práticas ligadas ao processo de alfabetização. Tenho também uns interesses mais teóricos no tema. Desde 2015 tenho trabalho em um livro sobre as relações entre o surgimento da escrita alfabética e a filosofia, e assim esses temas de alfabetização e escrita tem me ocupado bastante.
Então, como disse, fiz minha inscrição no curso do MEC, “Tempo de Aprender”. Acho que estou me saindo bem, tenho tirado boas notas nas provas. A minha surpresa no curso foi essa: como tenho um bom tempo livre, dada a quarentena atual, logo fiquei um pouco frustrado, pois o curso não está ainda pronto. Hoje (29 de Março de 2020) menos da metade do curso (oito módulos) é oferecido. Eu fiquei meio frustrado porque esse projeto, “Tempo de Aprender”, é do atual governo, que já está no MEC faz ano e pouco. O curso que eles estão oferecendo é baseado no material online de uma universidade da Flórida. Fui lá conferir: as fichas de atividade são adaptadas, em bom nível. E todo o curso tem como ponto de partida conceitual, digamos assim, o desenvolvimento de consciência fonológica. Para quem é do ramo sabe que aqui há o tema de uma guerra cultural de métodos de alfabetização. Pensando em parentes meus que são professores na região da fronteira sul do Brasil, estou achando que o “Tempo de Aprender”, mesmo como está, é bom. Aqui entre nós tem muito disso, o “bom” é inimigo do “ótimo” e a gente se estrepa.
Mas isso é outro capítulo, muito longo para uma pequena escrita de quarentena.